Os embarques brasileiros de milho confirmaram as expectativas e mais do que dobraram em 2022, em linha com a recuperação da colheita após a forte quebra de safra no ano anterior. E, como mostraram dados que a Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec) divulgou ontem, as vendas de soja em grão ao mercado externo não resistiram à queda da produção na região Sul e em parte de Mato Grosso do Sul e recuaram, em um dos poucos declínios das exportações na última década.
Segundo a Anec, as exportações de milho atingiram o recorde de 43,1 milhões de toneladas no ano passado, ou 109,4% a mais que em 2021. Em dezembro, os embarques do cereal cresceram 75,4% em relação ao último mês do ano anterior, para 5,8 milhões de toneladas. E o ritmo deverá continuar forte em janeiro. Segundo a entidade, o volume chegará a 4,3 milhões de toneladas, uma alta de 94,6% ante o mesmo mês de 2021.
Já as exportações de soja em grão recuaram 10,2% em 2022, para 77,8 milhões de toneladas. Em dezembro, o volume foi de 1,5 milhão de toneladas, 40,2% menor do que o do último mês de 2021. Desde 2013, essa foi apenas a terceira queda anual, todas elas resultado de quebras de safra causadas por problemas climáticos. A Anec projeta que, neste mês, os embarques continuarão fracos, já que a colheita da safra 2022/23 ainda está no início. A expectativa é que sejam escoadas 1,3 milhão de toneladas, volume 42,4% menor do que o de um ano atrás.
Os embarques de farelo de soja cresceram 21% ao longo do ano passado, para 20,4 milhões de toneladas – apesar de terem caído 10,8% em dezembro, para 1,4 milhão de toneladas. Para janeiro, a previsão é de nova baixa, de 15,4%, para 1,3 milhão de toneladas. Segundo a Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove), os embarques de farelo tendem a ficar estáveis este ano, mas, com o aumento da produção, as exportações do grão devem crescer para 93 milhões de toneladas.
No caso do trigo, por fim, a Anec informou que o Brasil enviou ao exterior 3,2 milhões de toneladas em 2022, o que representou um aumento de 188,8% em relação ao ano anterior. Em dezembro, foram 689,2 mil toneladas, volume superior às 538,6 mil toneladas do mesmo mês de 2021. As exportações brasileiras do cereal ganharam força com a boa colheita e com o aquecimento da demanda, um reflexo da guerra entre Rússia e Ucrânia, dois países que normalmente são grandes exportadores.