Presidente da ApexBrasil, Jorge Viana, ressalta o potencial de crescimento do setor e a importância da preparação para o mercado internacional

O setor de cafés especiais está em ascensão, com projeções indicando que o mercado global alcançará US$ 152,69 bilhões até 2030, conforme estudo da consultoria Brainy Insights. Esta tendência, que representa uma taxa média de crescimento de 12,32% ao ano, abre oportunidades significativas para pequenos produtores brasileiros. Dados da Associação Brasileira de Cafés Especiais (BSCA) mostram que esses produtores são responsáveis por 80% da produção total de cafés especiais no Brasil.

Atualmente, os cafés especiais representam cerca de 20% da safra nacional de café, estimada em 58 milhões de sacas para a safra 2023-2024, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). “O segmento de cafés especiais está em franca expansão. Com a valorização do café nacional, é possível que os produtores brasileiros aumentem sua participação no mercado global”, afirma Jorge Viana, presidente da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil).

O café especial segue uma trajetória semelhante à do vinho, com ênfase na valorização e certificação de sua origem, processamento e características. Os dois tipos mais relevantes economicamente são o café Arábica (Coffea arabica), que representa mais de 55% da produção mundial, e o café Robusta (Coffea canephora). Geralmente cultivados em pequenas propriedades, esses grãos especiais oferecem uma oportunidade para os produtores brasileiros ingressarem no mercado internacional com produtos de valor agregado. “O café é o segundo líquido mais consumido no mundo. Os consumidores de hoje valorizam a origem e as práticas de sustentabilidade (ESG) no cultivo. A ApexBrasil está preparada para conectar esses empreendedores a compradores internacionais e promover a excelência do café brasileiro”, destaca Viana.

Definição e Qualidade dos Cafés Especiais

Os cafés especiais são definidos pela BSCA como aqueles que obtêm uma pontuação mínima de 80 em uma escala de avaliação sensorial de até 100 pontos, conforme os critérios da Specialty Coffee Association (SCA) e do Coffee Quality Institute (CQI). Para o café Arábica, os critérios incluem fragrância, uniformidade, ausência de defeitos, doçura, sabor, acidez, corpo, finalização e harmonia. Além da qualidade superior, esses cafés devem ter rastreabilidade certificada e atender a critérios de sustentabilidade ambiental, econômica e social.

Evolução do Consumo e Posição do Brasil no Mercado

O consumo de cafés especiais evoluiu em diferentes ondas desde os anos 90. O diretor executivo da BSCA, Vinícius Estrela, explica: “A primeira onda foi a industrialização, que expandiu o consumo doméstico. A segunda onda envolveu o consumo ‘gourmet’ em cafeterias. A terceira onda focou na produção sustentável e na conexão com o produtor. Atualmente, a quarta onda é a valorização dos cafés especiais, com novos perfis sensoriais e maior reconhecimento do produtor.”

O Brasil se destaca pela alta qualidade de seus grãos, com Minas Gerais sendo o maior produtor de cafés especiais do país. A produção de café Robusta, bem adaptada ao solo amazônico, é predominante no Espírito Santo, enquanto estados como Rondônia e Acre também têm contribuído significativamente. Os principais importadores desses cafés são Estados Unidos, Canadá, China, Coréia do Sul, Japão, Espanha, Alemanha, Itália e Emirados Árabes. O Brasil lidera a produção e exportação de cafés, superado apenas pelo Vietnã e pela Colômbia.

Avanços na Exportação para o Mercado Chinês

O café brasileiro tem ganhado destaque na China, um país tradicionalmente conhecido pelo consumo de chá. No mês que marca o 50º aniversário das relações diplomáticas entre Brasil e China, a Luckin Coffee, principal cadeia de cafeterias chinesa, visitou a ApexBrasil para fortalecer a parceria e promover o café nacional. O objetivo é expandir a presença dos cafés especiais brasileiros no mercado internacional, apoiando e qualificando pequenas empresas produtoras para atender à crescente demanda global por produtos de alta qualidade.

Fonte: Portal do Agronegócio