Conheça o sistema que congrega mais de 1 milhão de produtores no país

O cooperativismo tem sido uma força fundamental para o desenvolvimento do agronegócio mundial e brasileiro. Esse modelo de organização reúne produtores em torno de objetivos comuns e representa uma estratégia coletiva para gerar e distribuir renda, melhorar o acesso a tecnologias, redução de custos e promover o desenvolvimento social no campo. As primeiras cooperativas surgiram no Brasil no final do século XIX, com a fundação da Cooperativa Econômica dos Funcionários Públicos de Ouro Preto (MG), inspiradas no movimento cooperativista que já existia na Europa, especialmente no Reino Unido, onde o modelo se desenvolveu com a criação da primeira cooperativa moderna em Rochdale, em 1844. Hoje, o modelo cooperativista brasileiro é exemplo em vários setores, especialmente no agronegócio.

O cooperativismo agrícola oferece diversas vantagens aos produtores, como: 1) o acesso facilitado a insumos de qualidade e tecnologias avançadas, aumentando a produtividade e eficiência; 2) comercialização mais eficiente dos seus produtos, garantindo melhores preços e sem depender de intermediários; 3) assistência técnica especializada; 4) redução de custos por meio de compras coletivas; 5) fortalecimento das comunidades rurais, estimulando o desenvolvimento econômico e social, gerando emprego e renda; entre outras.

Em 2023, o país contava com 1.179 cooperativas agropecuárias, mais de 1 milhão de cooperados e quase 260 mil empregos diretos. As cooperativas estão distribuídas em segmentos: a) insumos e bens de fornecimento (66,6%); b) produtos não industrializados de origem vegetal (58,0%) e animal (33,5%); c) serviços (32,8%); d) produtos industrializados de origem vegetal (27,4%) e animal (17,4%); e e) escolas técnicas de produção rural (2,2%). No aspecto financeiro, o cooperativismo agro gerou receitas de R$ 423,2 bilhões em 2023, com ativos totais de R$274,2 bilhões e capital social de R$ 23,6 bilhões. As sobras do exercício somaram R$ 20,5 bilhões, com um investimento significativo de R$ 11,7 bilhões em salários e benefícios aos seus funcionários. Os dados são do Anuário Coop 2024, liderado pelo Sistema OCB (Organização das Cooperativas Brasileiras), que desempenha um papel essencial no fortalecimento do modelo.

As principais cooperativas do Brasil apresentam receitas impressionantes, refletindo seu impacto significativo no setor. O ranking, segundo dados da Forbes Agro, é composto por: Copersucar (1ª), que lidera o ranking com uma receita de R$ 70 bilhões, seguida pela Coamo (2ª) com R$ 26,07 bilhões e C. Vale (3ª) com R$ 22,44 bilhões, fechando o pódio. A Lar Cooperativa (4ª) e a Aurora (5ª) também se destacam com receitas expressivas de R$ 21,07 bilhões e R$ 20,41 bilhões, fechando o Top-5 da lista. Outras cooperativas da lista são a Comigo (6ª) com R$ 15,32 bilhões, Cocamar (7ª) com R$ 10,32 bilhões, Cooxupe (8ª) com R$ 10,11 bilhões, Coopercitrus (9ª) com R$ 9,03 bilhões e, por fim, a Cooperalfa (10ª) com R$ 8,41 bilhões. Esses números ilustram a força das operações dessas instituições no panorama do agro brasileiro.

Olhando para o futuro do cooperativismo, existem desafios importantes, incluindo a internacionalização das organizações sem perder sua essência cooperativa, e a necessidade de encontrar formas viáveis de capitalização para sustentar o crescimento sustentável e a eficiência. Atrelado a esse fator financeiro, o esforço para a constante modernização de práticas de gestão e de novas tecnologias dos produtores é maior quando comparado com organizações não cooperativistas. Portanto, o avanço tecnológico e a integração de práticas de governança são tendências que devem seguir fortes para o futuro do cooperativismo. Além disso, tendências do agro em geral, como desenvolvimento de tecnologias de inteligência artificial e análise de dados, além de práticas socioambientais visando a maior sustentabilidade dos produtos agropecuários são aplicáveis para dentro do contexto cooperativista. Esses são os principais desafios e tendências que as cooperativas devem se atentar para o fortalecimento e a modernização constante do setor, e assim continuar propagando o exemplar legado do sistema cooperativista brasileiro em todo mundo.