Estatal vê “horizonte” para aumentar estoques públicos e espera crescer capacidade operacional de armazenamento de grãos em 300 mil toneladas

A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) firmaram uma parceria para viabilizar a venda de nove imóveis da Conab que estão inativos. São oito armazéns e um espaço em um prédio comercial. Na estimativa preliminar da Conab, esses imóveis somam um valor de mercado na casa dos R$ 175 milhões. 
De acordo com o presidente da estatal, Edegar Pretto, os recursos com essas operações serão direcionados à ampliação da capacidade de armazenamento da Companhia. Atualmente, a capacidade operacional, pronta para uso, é de 900 mil toneladas para grãos. O aumento seria em mais 300 mil toneladas. 

“Separamos imóveis que estão inutilizados e que estão gerando despesas para a Companhia [R$ 8 milhões por ano, segundo a Conab]. O BNDES está responsável por montar uma modelagem específica para cada um desses imóveis e esse recurso, 100% dele, será revertido nos armazéns”, afirmou o presidente aos jornalistas nesta quarta-feira, 12. 

O BNDES vai entrar com um agente para organizar a alienação dos imóveis, bem como a parte jurídica dos contratos, como explicou o diretor do Planejamento e Estruturação de Projetos do banco, Nelson Barbosa. “O BNDES fala com os interessados, organiza os contratos para que esses investimentos sejam feitos nos ativos que a Conab quer, com os objetivos que eles indicarem”, afirmou. 

De acordo com a Companhia, a lista dos imóveis em negociação é composta por:

um pavimento em prédio comercial, em Brasília (DF), estimado em R$ 5,83 milhões;
quatro armazéns convencionais localizados em Santa Helena (GO), Palmeira de Goiás (GO), Paraúna (GO) e Sinop (MT), avaliados, respectivamente, em R$ 12,4 milhões, R$ 8,27 milhões, R$ 12,47 milhões e R$ 61,2 milhões;
dois armazéns graneleiros situados em Rio Brilhante (MS) e Alta Floresta (MT), estimados em R$ 2,54 milhões e R$ 33,38 milhões;
dois silos localizados em Dourados (MS) e Cassilândia (MS), com valores de mercado preliminares de R$ 31,15 milhões e R$ 3,03 milhões, respectivamente. 
“Para cada ativo desse, vamos analisar a vocação, vamos procurar os interessados e aí nós vamos ver qual o valor desse ativo, qual o potencial que o interessado pode dar em troca”, reforçou Barbosa. “Quem eventualmente levar o imóvel já vai levar a obrigação de investimento. As duas coisas estão casadas. Isso agiliza o investimento”. 

Já a contrapartida dos eventuais compradores será direcionada à reforma de outros armazéns já identificados pela Conab. Os imóveis que receberão os investimentos estão localizados em Rio Verde (GO), Pontalina (GO), Goiânia (GO), Brasília (DF), Campo Grande (MS), Sorriso (MT), Rondonópolis (MT) e Uberlândia (MG). 

O ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira, afirmou que essas verbas facilitam o trâmite interno, pois não entram no orçamento da União e têm um direcionamento direto nas ações da reforma dos armazéns. “Um equacionamento financeiro que não requererá recursos orçamentários. Daí a importância dessa engenharia financeira”, disse Teixeira. 

A expectativa apresentada pelo BNDES é que o primeiro edital contemplando as condições de negócio seja aberto até o final deste ano. Cada imóvel terá seu próprio edital e haverá uma priorização conforme o grau de atratividade analisado pelo banco.

Conab vê horizonte para formação de estoques públicos robustos 
Na avaliação do presidente da Companhia, essa iniciativa está em harmonia com determinações do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, que pediu a volta dos estoques robustos. “Nós sentimos que o estoque público é uma política necessária e muito importante para o povo brasileiro”, declarou Pretto.

Ele explicou, também, que a Conab tem um “horizonte” para ampliar ainda mais o estoque de trigo, de milho, de arroz e de outros produtos, na intenção de trazer “equilíbrio de preços quando alguns produtos sobem para o consumidor e, com isso, garantir segurança alimentar”. 

Além dos recursos projetados pela venda dos imóveis inutilizados, Pretto afirmou que a Conab deve investir R$ 15 milhões do orçamento na recuperação de armazéns. A Companhia também espera firmar uma parceria com a Itaipu Binacional, que também deve incrementar a verba para melhorias nos armazéns. “Temos uma parceria com a Itaipu Binacional que vai reformar os três armazéns do Paraná, entre eles o de Ponta Grossa, que é a maior unidade que a Conab tem, e que vai nos disponibilizar R$ 55 milhões”.

Novos produtos podem entrar no ProVB
Outra iniciativa estudada pela estatal é aumentar o rol de produtos que fazem parte do Programa Venda em Balcão (ProVB). Atualmente, apenas o milho integra o programa, que promove venda direta dos estoques aos pequenos criadores rurais. 

“Estamos reformulando o ProVB para aumentar os pontos de venda e também os produtos. Temos expectativa de colocar farelo de soja, caroço de algodão, sorgo e [para isso] precisa de mais investimentos”, afirmou Pretto.