Com rastreabilidade e sustentabilidade, país ultrapassa EUA em exportações e reforça protagonismo no mercado mundia
O algodão é uma das fibras mais antigas usadas pela humanidade, com registros que datam de mais de 4.000 anos a.C. Hoje, essa matéria-prima representa entre 21% e 23% de tudo o que é consumido pela indústria têxtil de todo o mundo. No Brasil, a utilização desse material é ainda maior, chegando a 40% — em 2024, 700 mil toneladas de algodão passaram pelos maquinários e se transformaram em fios e tecidos nas indústrias brasileiras.
Também no ano passado, o País consolidou seu protagonismo na produção de algodão e se tornou o maior exportador mundial, ultrapassando os Estados Unidos. Em 2024, foram vendidos cerca de 2,8 milhões de toneladas ao mercado externo, segundo dados do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa).
Boas práticas
A maior parte da produção local (83%) é atestada com um certificado de boas práticas agrícolas, o Protocolo Algodão Brasileiro Responsável (ABR), que é o padrão nacional de certificação socioambiental do algodão no País.
Muitos produtores têm buscado essa certificação, conseguida após uma auditoria externa coordenada pela Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), para demonstrar responsabilidade socioambiental aos investidores e consumidores. “Hoje existe um movimento das varejistas em relação a tecidos mais sustentáveis e a questões relacionadas ao ESG”, avalia Silmara Ferraresi, diretora de Relações Institucionais da Abrapa.
A rastreabilidade do algodão da lavoura até as araras das lojas não só atende às exigências de transparência do consumidor de hoje, como também fortalece a competitividade das marcas brasileiras no mercado global. Esse diferencial tem atraído grandes varejistas como Renner, C&A, Reserva, Dohler, Dudalina e Individual. Em fase-piloto, o Sou ABR (Sou de Algodão Brasileiro Responsável) é um programa criado para atender consumidores que valorizam a sustentabilidade e estão conscientes do impacto de suas decisões de compra — e já contabiliza mais de 194 mil peças de roupas e itens rastreáveis.
“Acreditamos que rastreabilidade e sustentabilidade devem ser acessíveis. Ao levar isso para o grande varejo, como Renner e C&A, conseguimos mostrar ao consumidor que essas práticas também estão ao alcance dele”, diz Silmara Ferraresi.
Esse compromisso com a sustentabilidade também impulsiona o movimento Sou de Algodão, promovido pela Abrapa para aproximar confecções, fiações, malharias e varejistas. Com 1.728 marcas parceiras, o movimento ganhou destaque na São Paulo Fashion Week em desfiles coletivos assinados por 12 estilistas. A próxima edição já está confirmada para outubro de 2025.
Novo recorde
A produção brasileira da fibra deve bater novo recorde na safra 24/25, com cerca de 3,761 milhões de toneladas. Caso as previsões se confirmem, o Brasil continuará liderando as exportações mundiais de algodão. As projeções são tratadas com cautela, pois a colheita se inicia em maio e, até lá, o clima pode influenciar na produtividade. “É cedo para afirmar com certeza. Houve um pequeno aumento na área plantada e, se o clima colaborar, a expectativa é de alcançar esses números ao final da safra”, diz o presidente da Abrapa, Gustavo Piccoli.